Aos 56 anos, o arcebispo alemão Georg Gänswein é mais do que secretário pessoal de Joseph Ratzinger, o papa Bento XVI. Homem de confiança, ele foi nomeado em dezembro do último ano prefeito da Casa Pontifícia e mantém crescente influência no seio da Igreja Católica. Loiro, alto, de olhos azuis e com porte esportivo, Gänswein também é conhecido como “Belo Georg” e até “George Clooney de São Pedro” – em referência ao ator de Hollywood.
O galã da Santa Sé acumula suspiros e cartas de fãs apaixonadas, que não se intimidam e imploram para que o arcebispo largue a batina. Depois de a estilista Donatella Versace dedicar uma coleção ao religioso, em 2007, no começo deste ano, ele ganhou as páginas da Vanity Fair italiana. A revista estampou o rosto de Gänswein na capa de sua edição, onde alertava: “Georg, ser bonito não é pecado”. Ao mesmo tempo em que se diz honrado, Gänswein demonstra desconforto com o assédio e confessa que a beleza, por vezes, o atrapalha.
Natural de Waldshut, na Alemanha, Gänswein nasceu em 30 de julho de 1956 e é o primogênito de uma família trabalhadora, de cinco filhos. Georg optou pela vida religiosa aos 18 anos, depois de começar os estudos sobre teologia. Em 31 de maio de 1984, foi ordenado sacerdote. Nos anos que se seguiram, trabalhou como padre em Munique e cidades próximas. Em 1993, mudou-se para Roma. Ele desenvolveu uma relação de amizade e cuidado com Ratzinger, com quem trabalha diretamente há 16 anos, quando se tornou membro da Congregação para a Doutrina da Fé, então dirigida por Bento XVI. Dez anos mais tarde, foi escolhido secretário pessoal de Ratzinger e, com a ascensão do cardeal à chefia da Igreja, ganhou um aposento na residência do papa e se firmou como mão direita de Bento XVI. Entre as tarefas do arcebispo estão a seleção de correspondências, a organização da agenda papal – viagens e compromissos –, além do descanso e das horas de oração do chefe da Igreja.
“Pessoalmente, vejo meu papel ou serviço ao pontífice como um cristal. Quanto mais limpo está, mais alcança seu objetivo. Tenho que deixar entrar o sol e, quanto menos, se ver o cristal, melhor. E se não se vê nada, quer dizer que desenvolvo bem meu trabalho”, disse Gänswein. Acusado por membros da Igreja de manter contato com a maçonaria, de ser ambicioso e trabalhar em prol de seus interesses pessoais, Gänswein manteve sua reputação intacta depois do escândalo do Vatileaks – o vazamento de documentos secretos do Vaticano, em janeiro de 2012. Foi um dos primeiros a saber da renúncia do papa e se esforçou para protegê-lo de intrigas políticas. O arcebispo manterá a prefeitura da Casa Pontifícia e não abandonará a função de secretário, morando no mosteiro onde Ratzinger se recolherá.