Flávio Tavares leva suas cores para Academia Paraibana de Letras e assume a cadeira deixada pelo poeta Ronaldo Cunha Lima

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FLAVIO TAVARES

 

Há 28 anos uma obra de Flávio Tavares, um painel com a imagem de Augusto dos Anjos no espelho, marcou sua presença na inauguração do Memorial do Poeta do “Eu” da Academia Paraibana de Letras. Está lá sua tela literária. O presidente da Casa era o saudoso cronista Luiz Augusto Crispim.

Nesta sexta-feira, às 20h, no Jardim dos Acadêmicos, ele assume a Cadeira 14, cujo patrono é Eliseu Elias César e o último ocupante o poeta Ronaldo José da Cunha Lima. Quem vai saudá-lo é a academia ensaísta Ângela Bezerra de Castro.

“Minha chegada à academia é uma vitória das artes plásticas. Eu agradeço muito aos confrades, que tiveram essa lucidez de dar vez a outra vertente da academia, a pintura, através das artes plásticas”, disse.

Discurso

Tavares vai abrir seu discurso com o poema “Quem sou eu” de Ronaldo Cunha Lima. Resumindo: “Sou platéia e personagem/sou multidão, sou sozinho/ sou bloqueio/ sou caminho/ sou verdade, sou miragem/sou passatempo, sou vida/sou cisma, sou acalanto/chegada, sou partida/ sou abandono, sou ninho/sou desamor, sou amante/ sou eterno, sou instante/ sou revide, sou perdão/sou inverno ou verão….”

“Escolhi esses versos, porque Ronaldo além de ser uma figura múltipla, dentro do imaginário popular ele se tornou uma figura legendária e tinha um magnetismo ligado as raízes do povo. Ninguém consegue falar do outro a não ser por si próprio e nenhum poeta, sem essa alma de poeta, que já nasce com ela. Esse poema além de ser fantástico, é quem melhor traduz ele”, afirmou.

Flávio vai reunir várias tribos nesta sexta na noite de sua posse “Existem várias vertentes de amizades de uma cidade como a nossa: os amigos de infância, as pessoas que acreditaram em mim, os amigos jornalistas que eu prezo muito, que nunca me deixaram numa orfandade, no sentido de divulgar meu trabalho. Também os familiares. Quero todos lá para um abraço fraternal”, enfatizou o artista.

Para Flávio, os convidados maiores são os próprios acadêmicos. “Sim, existe hoje uma nova academia dirigida pelo professor Damião Ramos, que é uma academia revitalizada. E tenho o prazer de ser saudado pela escritora e minha amiga Ângela Bezerra de Castro. Com isso eu me sinto mais que feliz”.

Flávio vai fazer um discurso pequeno, sem rebuscar. “Discurso é uma coisa difícil. Tem aquela famosa frase de Fernando Pessoa: ´de tudo fica um pouco´. Discurso tem ser uma coisa rápida, tem que ser em forma de agradecimento. Eu tive um trabalho enorme na preparação da minha fala”.

O CORREIO teve acesso a abertura da fala do novo acadêmico. O resto é segredo: “Chego a esta Augusta casa de Coriolano de Medeiros não como um poeta sentado na cadeira de outro poeta…”

Tela gigante sobre ‘A bagaceira’

O último trabalho de dimensão do artista é um quadro em homenagem ao escritor José Américo de Almeida. A obra que mede 8 x 2,6 metros é focada no romance “A bagaceira”, que deu projeção nacional ao autor, em 1928 . Na época tiveram que serrar a porta principal da casa para a tela entra entrar, já que seu ateliê não caberia a imensa obra.

A tela está no saguão do Centro de Arte da Universidade Federal da Paraíba iluminando o novo centro de arte da nossa universidade, assim como o outro painel que ele fez que abraça o Estação Ciências.

Apesar de não usar as redes sociais, a outra novidade desta sexta-feira é que Flávio vai lançar o site www.flaviotavares.com.br um trabalho do web designer carioca Lanusse Castro. “Eu acho que a gente merece, no dia da minha posse na academia fazer isso. O Lanusse fez um trabalho impar, o site está muito bonito, com várias opções de leituras e centenas de fotos da minha obra”.

O site será alimentado pela filha do artista, a arquiteta Marieta e sua mulher, a professora Alba Tavares. “A gente vive lendo imagens, que ficam bem próximas das letras”, fecha FT.

Vida dedicada às telas e tintas

Flávio Roberto Tavares de Melo (Flávio Tavares) nasceu em João Pessoa – PB, no dia 15 de fevereiro de 1950. Apresentando uma de suas exposições, Flávio escreveu um texto intitulado “O Universo chamado família”, no qual faz uma breve definição de si mesmo ao afirmar “Já fui chamado de surrealista e classificado como um figurativista que segue a tradição dos anatomistas pré ou pós renascentistas, até pintor primitivo, numa primeira fase. Mas prefiro achar que busco e executo os meus próprios ideais estéticos, embora admita que tenho muito dos anatomistas, dos surrealistas, dos primitivos e dos impressionistas”

Formação

– Curso de pintura no Colégio Marista Pio X (1961/62)

– Curso de Arte Livre no Setor de Arte da Universidade Federal da Paraíba (1963/65)

– Curso de arte com o prof. Raul Córdula no COEX da Universidade Federal da Paraíba (1966)

– Curso particular com o prof. Arnaldo Tavares sobre paisagens, bico de pena e retratos (1966/68)

– Curso de pintura estética com o prof. Hermano José (1969/72)

– Curso de Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba (Não concluído).

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