Começa no dia 26 e vai até o dia 29 de julho, a Festa Literária Internacional de Paraty – Flip 2018

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Após homenagear Lima Barreto, autor cuja obra dialoga com as questões sociais e políticas de seu tempo, a Flip homenageará em sua 16ª edição a escritora Hilda Hilst,que fez sua literatura em torno de temas como o amor, a morte, Deus, a finitude e a transcendência. Com curadoria de Joselia Aguiar, a Flip 2018 acontece de 25 a 29 de julho, em Paraty.

De acordo com o diretor geral da Flip, o arquiteto Mauro Munhoz, “a escolha de Hilda Hilst como Autora Homenageada da Flip 2018 se deu pelo fato de sua obra extrapolar fronteiras.Assim como os outros poetas brasileiros, leu Drummond, Bandeira e Cabral,mas leu também Fernando Pessoa, o francês Saint-John Perse e o alemão Rainer Maria Rilke. O resultado é uma literatura inovadora do ponto de vista da linguagem que exerce, por exemplo, forte influência na cena da dramaturgia brasileira de hoje”. Além disso, ele afirma, a criação pioneira de um espaço voltado à literatura e às artes, a Casa do Sol,inaugurada em 1996, se encontraria, sete anos depois, com a concepção da Flip. “A Casa do Sol, sua residência literária, habitada pelo seu oficio de escritora e que foi lugar de convívio com artistas de múltiplas áreas como Caio Fernando Abreu, guarda a memória de um fazer artístico cuja singularidade esta homenagem se propõe a revelar”.

“Será uma Flip intimista, com muita poesia e teatro, um pouco de irreverência e debates sobre criação artística, a arte e a natureza, a literatura e a filosofia. A pesquisa de repertório será a mesma, ou seja, vamos manter a preocupação em ter autores e autoras plurais, do mesmo modo que na Flip 2017″, afirma acuradora, que vê pontos em comum entre Lima Barreto e Hilda Hilst: “Ambos foram transgressores, cada um a seu modo e em seu tempo e se dedicaram à escrita de modo tal que ultrapassaram o limite do que era esperado de cada um:ele como autor negro de baixa renda, ela como mulher livre numa sociedade que não estava acostumada a isso.”

FONTE: http://flip.org.br

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO EVENTO

Quarta-feira, 25 de julho

20h | Mesa 1 | “Sessão de abertura: Hilda, Fernanda e Jocy”, com Fernanda Montenegro e Jocy de Oliveira

Três artistas geniais da mesma geração celebram a arte mais transgressora: Hilda Hilst, homenageada da Flip 2018, Fernanda Montenegro, uma das maiores atrizes brasileiras, e Jocy de Oliveira, pioneira na música de vanguarda hoje dedicada à ópera multimídia.

Quinta-feira, 26 de julho

10h | Mesa 2 | “Performance sonora”, com Gabriela Greeb e Vasco Pimentel

A voz, a escuta e as divagações literárias e existenciais de Hilda Hilst registradas em fitas magnéticas na década de 1970 são apresentadas pela cineasta Gabriela Greeb e o sound designer português Vasco Pimentel.

12h | Mesa 3 | “Barco com asas”, com Júlia de Carvalho Hansen, Laura Erber e Maria Teresa Horta (em vídeo)

Esse diálogo inusitado reúne, por vídeo, um grande nome da poesia de Portugal do último meio século e, em Paraty, duas poetas brasileiras influenciadas pela lírica portuguesa que têm pontos em comum com Hilda Hilst.

15h30 | Mesa 4 | “Encontro com livros notáveis”, com Christopher de Hamel

A religião, a magia, a luxúria e a leitura na época medieval se apresentam nas páginas do Evangelho de Santo Agostinho, do Livro de Kells e de Carmina Burana, comentadas pelo maior especialista do mundo nesses manuscritos.

17h30 | Mesa 5 | “Amada vida”, com Djamila Ribeiro e Selva Almada

Da perda | performance de Bell Puã, slammer pernambucana, a partir de tema de Hilda Hilst.

Uma ficcionista argentina que escreveu sobre histórias reais de feminicídio e uma feminista negra à frente de uma coleção de livros conversam sobre como fazer da literatura um modo de resistir à violência.

0h | Mesa 6 | “Animal agonizante”, com Sergio Sant’Anna e Gustavo Pacheco

Um grande mestre da literatura brasileira que abordou o desejo, a solidão e a morte relembra sua trajetória ao lado de um leitor seu e autor estreante elogiado pela crítica portuguesa com histórias de humanos e outros primatas.

Sexta-feira, 27 de julho

10h | Mesa 7 | “Poeta na torre de capim”, com Ligia Fonseca Ferreira e Ricardo Domeneck

A falta de leitores e o silêncio da crítica, como reclamava Hilda Hilst: para esse debate, encontram-se a grande especialista no poeta negro Luiz Gama e um poeta e editor atento a nomes ainda fora do cânone, como Hilda Machado, que morreu inédita em livro.

12h | Mesa 8 | “Minha casa”, com Fabio Pusterla e Igiaba Scego

Fazer literatura tendo uma língua comum – o italiano – e diferentes aportes, fronteiras e paisagens geográficas e literárias: nesse diálogo, reúnem-se o poeta de um país poliglota, que é tradutor do português, e uma romancista filha de imigrantes da Somália, que escreveu sobre Caetano Veloso.

15h30 | Mesa 9 | “Memórias de porco-espinho”, com Alain Mabanckou

O absurdo e o riso, Beckett, culturas africanas, escrita criativa e crítica da razão negra: a trajetória e o pensamento de um poeta e romancista franco-congolês premiado se revelam nessa conversa com dois entrevistadores.

17h30 | Mesa 10 | “Interdito”, com André Aciman e Leila Slimani

Do desejo | performance do escritor e artista visual paulista Ricardo Domeneck a partir de tema de Hilda Hilst.

O exercício da liberdade de escrever e a escolha de temas tabu ou proibidos – a exemplo do homoerotismo, da sexualidade feminina e da religião —são as questões tratadas nesse diálogo entre dois romancistas, um judeu americano de origem egípcia e uma francesa de origem marroquina.

20h | Mesa 11 | “A santa e a serpente”, com Eliane Robert Moraes e Iara Jamra

A obra de Hilda Hilst em poesia e prosa é vista tanto em sua dimensão corpórea quanto mística por uma ensaísta que atua na fronteira entre a literatura e a filosofia, enquanto são feitas leituras por uma atriz que encarnou a sua personagem mais famosa – Lori Lamby.

Sábado, 28 de julho

10h | Mesa 12 | “Som e fúria”, com Jocy de Oliveira e Vasco Pimentel

A escuta e a criação de universos sonoros: para esse diálogo, encontram-se uma das pioneiras da música de vanguarda no país, hoje dedicada à ópera multimídia, e um sound designer português – os dois conhecidos pelo rigor e pelo preciosismo.

12h | Mesa 13 | “O poder na alcova”, com Simon Sebag Montefiore

Historiador britânico best-seller que publicou biografias de Stálin, dos Romanov e, agora, de Catarina, a Grande, conta, nessa conversa com dois entrevistadores, como faz para retratar figuras centrais da política em seus pormenores mais íntimos.

15h30 | Mesa 14 | “Obscena, de tão lúcida”, com Isabela Figueiredo e Juliano Garcia Pessanha

Uma romancista portuguesa nascida em Moçambique que tratou de temas como o racismo e a gordofobia se encontra com um narrador de gênero híbrido e filosófico para discutir a escrita de si, os diários e as memórias, o corpo e o desnudamento.

17h30 | Mesa 15 | “Atravessar o sol”, com Colson Whitehead e Geovani Martins

Cantares do sem nome | performance do poeta e artista visual maranhense Reuben da Rocha a partir de tema de Hilda Hilst.

O americano vencedor do Pulitzer com um romance histórico sobre escravizados que construíram sua rota de fuga se encontra com um estreante que, da favela do Vidigal, inventa com liberdade seu jeito de narrar e usar as palavras.

20h | Mesa 16 | “No pomar do incomum”, com Liudmila Petruchevskáia

Um dos grandes nomes da literatura russa moderna, comparada a Gogol e Poe por seus contos de horror e fantasia que não dispensam o teor político, relembra sua trajetória proibida por décadas no regime stalinista, hoje aclamada de Moscou a Nova Iorque.

Domingo, 29 de julho

10h | Mesa Zé Kleber | “De malassombros”, com Franklin Carvalho e Thereza Maia

Um narrador do sertão baiano que abordou a mitologia da morte em seu premiado romance de estreia se encontra com uma folclorista que recolheu histórias orais de Paraty, em um diálogo sobre o território e seus encantados.

12h | Mesa 17 | “Sessão de encerramento | O escritor e seus múltiplos”, com Eder Chiodetto, Iara Jamra e Zeca Baleiro

Uma atriz, um compositor e um fotógrafo que fizeram obras baseadas em Hilda Hilst relembram os encontros com a autora, o processo de criação e as marcas que a experiência deixou em suas trajetórias.

15h30 | Mesa 18 | “Livro de Cabeceira”: Autores da Flip 2018 leem trechos de seus livros preferidos, em uma sessão conduzida por Liz Calder.

 

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