Cinco anos após a estreia de “MasterChef Brasil” na Band, a Globo entra no mercado dos reality shows culinários para a TV aberta. O programa “Mestre do Sabor”, apresentado pelo chef franco-carioca Claude Troisgros, estreou no último dia 10 de outubro, em um dos horários mais nobres da emissora: às quintas-feiras, depois da novela das 21h.
“Mestre” propõe uma competição culinária paz e amor: sem gritaria, sem intrigas, sem bullying, sem chef brabo. Em outros pontos, assemelha-se à concorrência.
Cozinheiros profissionais são submetidos a provas temáticas e com tempo exíguo; um júri avalia os pratos resultantes numa degustação cega, sem saber quem preparou o quê.
Claude divide a apresentação com o paraibano Batista, seu assistente de cozinha e de TV -a dupla se consagrou no canal pago GNT. A banca de jurados traz três chefs de prestígio.
O português José Avillez tem uma dúzia de restaurantes em Lisboa, Porto e Dubai. Ele aprendeu a falar o idioma com sotaque brasileiro, para facilitar a compreensão do telespectador. “Passei três semanas no Brasil e já falo melhor do que o Claude, que chegou há 40 anos”, provoca.
Kátia Barbosa faz sucesso no Rio com o bar Aconchego Carioca. É famosa tanto pelas frituras perfeitas -seu bolinho de feijoada foi imitado Brasil adentro e afora- quanto pela incontinência verbal. No ar, ela é só amor. “A Katita tem uma chave que desliga os palavrões quando aparece uma câmera”, brinca LP Simonetti, um dos diretores do programa.
Leo Paixão comanda o restaurante Glouton, em Belo Horizonte. No ar, encarna o proverbial mineiro conciliador.
“Mestre do Sabor” é uma produção da Globo -“MasterChef” e “Top Chef” (Record) são franquias internacionais.
Para receber o reality, um dos estúdios da emissora em Jacarepaguá (zona oeste do Rio) foi convertido em cozinha. Os participantes têm acesso a uma variedade espantosa de ingredientes -coxas de rã, pimenta sriracha, suã de porco, cenouras coloridas e molho teriaki são alguns deles.
Um elemento, contudo, fica de fora: o fogo. Por exigência de uma lei municipal carioca, todo o equipamento é elétrico. Os realities da Band e da Record, gravados em São Paulo, trabalham com fogões a gás.
Mas o maior diferencial da atração é a abordagem positiva. “Todos na equipe são apaixonados por comida”, afirma o diretor LP, que nas horas vagas arrasa no risoto de frutos do mar. “Não eliminamos o pior prato, premiamos o melhor”, diz Claude.
Eles parecem falar sério. Na apresentação da atração para imprensa e influenciadores, um clipe exibido no telão comoveu o elenco. Avillez chorou. Kátia chorou. Batista chorou. Claude chorou. Faltou lenço de papel em Jacarepaguá.