FOTO – JACIARA AIRES
No final da tarde de ontem, o senador Cássio Cunha Lima foi recebido em audiência pelo diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo. A pior seca dos últimos anos e o possível colapso do Boqueirão dominaram a pauta do encontro.
Cássio foi, pessoalmente, pedir socorro para o Açude Epitácio Pessoa (Boqueirão), que é o manancial responsável pelo abastecimento d’água de Campina Grande e mais 17 municípios paraibanos. Segundo Cássio, “as medidas anunciadas pelo governo federal são bem-vindas, contudo extemporâneas. Cisternas e carros-pipa são insuficientes para salvar o rebanho. O descaso prossegue.” Além disso, conforme tuitou, o senador está extremamente preocupado com a situação do açude: “Prevenir para não repetir. Só com a gestão da ANA, em parceria com a AESA, evitaremos o racionamento. O Açude de Boqueirão exige atenção” – alertou.
O problema é que, de acordo com estudo apontado na Pesquisa em Gestão e Recursos Hídricos Superficiais e Subterrâneos, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), o açude encontra-se com capacidade de acumulação reduzida em cerca de 50% – e está gradativamente ameaçado devido às previsões de chuvas em 20% abaixo da média histórica para os anos 2013, 2014 e 2015, evidenciando a possibilidade de colapso no abastecimento d’água a aproximadamente 1 milhão de paraibanos.
Além disso, Boqueirão, que alimenta 500 açudes na Paraíba – todos secos e necessitando de recarga, tem volume atual de 222 milhões de metros cúbicos e previsão de perda de 120 milhões de metros cúbicos em 2013. O estudo da UFCG também sinalizou outro problema. Se não for cercada de cuidados, a irrigação às margens do açude há de contaminar a qualidade da água.
DESCASO – Cássio quer uma política emergencial de redução de danos e medidas de gestão para impedir que Boqueirão entre em colapso, já que, segundo ele, “o descaso para com a devastação da seca é patente e lamentável”. O senador lançou mão de dados disponibilizados pelo site Contas Abertas para demonstrar o que afirma: “O Nordeste brasileiro vive a pior seca dos últimos 50 anos. Apesar disso, as ações do governo federal destinadas ao fenômeno climático tiveram execução de menos da metade dos 5 bilhões e 600 milhões de reais orçados para a sub-função orçamentária ‘Recursos Hídricos’ em 2012. Isso significa que apenas 42,4% da verba autorizada, o equivalente a 2 bilhões e 400 milhões de reais, foi efetivamente usado para minimizar os efeitos desoladores da seca” – concluiu Cássio Cunha Lima.