Casca de banana, amido, vinagre, glicerina e água. Esses são os ingredientes necessários para se criar um canudo biodegradável a partir dos restos da fruta mais consumida pelos brasileiros: a banana. A ideia de reaproveitar resíduos que iriam para o lixo e criar um substituto sustentável do item que sempre acompanha as bebidas surgiu dos estudantes do interior da Paraíba Gabrielli Maia, 14 anos, Rebecca Oliveira, 14, e Miguel Leite Almeida, 15.
Os alunos do SESI Dionísio Marques de Almeida, em Patos (PB), desenvolveram o projeto Casca canudo: protótipo de canudo biodegradável à base da casca de banana no Laboratório de Iniciação Científica (LIC) da escola. A problemática veio pela orientadora Janaína Larice, que fez um curso de agricultura orgânica. O conteúdo falava sobre o desperdício, com foco na produção da banana.
Para cada 1kg da fruta, são utilizados 500 litros de água, do cultivo da semente até a chegada no supermercado. Como a casca, quase sempre fadada ao lixo, tem de 30% a 40% do peso, podemos dizer que são praticamente 200 litros de água “desperdiçados”.
“Como boa pesquisadora, fiquei preocupada. Aqui no interior da Paraíba passamos por racionamento de água e fiquei muito intrigada com isso. Tínhamos que fazer alguma coisa para aproveitar as cascas”, conta a orientadora do projeto.
Nada melhor do que três mentes jovens e criativas para ajudar a encontrar uma solução. Janaína levou a questão para o LIC. Gabrielli, Miguel e Rebecca tiveram a ideia de desenvolver um bioplástico e fazer um canudo e, assim, dar alguma utilidade às cascas e também à água usada na produção.
Uma informação adicional reforça a proposta dos estudantes: de acordo com levantamento feito pelo Fundo Mundial da Natureza (WWF), aproximadamente 10 milhões de toneladas de resíduos plásticos são despejados no mar anualmente. E os canudos são os que mais poluem as águas. No Brasil, segundo a Pesquisa Industrial Anual feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram produzidas 2073 toneladas de canudos em 2021.
A receita do Cascanudo
Os insumos vêm do consumo de bananas do próprio time de pesquisa e também de hortifrutis e de mutirões na escola. O canudo desenvolvido por eles passou por 13 testes em bebidas quentes e frias para conferir aspectos de resistência, consistência e de degradação. Os estudantes perceberam que, para um melhor resultado do plástico, a casca precisaria estar fresca.