O site Metrópoles revelou, nesta quinta-feira (5), que Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos, foi denunciado à organização Me Too Brasil por supostos episódios de assédio sexual contra mulheres. Entre elas, estaria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (PT).
O Metrópoles informou que procurou Silvio Almeida e Anielle Franco. Ambos não se manifestaram sobre as acusações. O Me Too não confirmou se a ministra da Igualdade Racial é uma das vítimas (ver nota no final da matéria), uma vez que as denúncias recebidas pela organização são protegidas pelo anonimato.
Ainda de acordo com o site, os episódios de assédio contra a ministra ocorreram durante o ano de 2023 e são de conhecimento de diversos ministros e assessores na Esplanada dos Ministérios, além de parlamentares.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não se manifestou sobre as denúncias.
O silêncio da ministra
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, Anielle Franco relatou os casos de assédio a “diversos integrantes do governo”. Ainda segundo o periódico paulista, a ministra não queria que o caso prejudicasse o governo Lula.
A Folha afirma, ainda, que pessoas próximas a Silvio Almeida passaram os últimos dias desmentindo as acusações de assédio sexual e afirmam que o ministro é perseguido por membros do governo federal, que teriam a intenção de derrubá-lo do cargo.
Resposta
Em resposta, Silvio Almeida emitiu uma nota oficial repudiando as alegações. “Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim,” afirmou o ministro. Ele ressaltou que tais acusações são infundadas e têm o objetivo de prejudicá-lo, apagando suas contribuições e comprometendo seu futuro.
Almeida destacou que “toda e qualquer denúncia deve ter materialidade” e lamentou a situação, afirmando que as acusações são “ilusões absurdas” e uma tentativa de descredibilizá-lo enquanto ele luta pelos direitos humanos e pela cidadania no Brasil. Ele também anunciou que encaminhará ofícios à Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, e à Procuradoria-Geral da República para que o caso seja minuciosamente investigado.
O ministro classificou as acusações como “denunciação caluniosa” e expressou preocupação com o que considera uma campanha para afetar sua imagem como homem negro em posição de destaque no governo. Almeida finalizou sua declaração prometendo continuar a luta pela verdadeira emancipação da mulher e denunciando o que vê como uma tentativa de silenciar sua voz e apagar sua história.
Confira a nota do Me Too na íntegra:
A organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual, Me Too Brasil, confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos. Elas foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico.
Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional pra a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa.
Vítimas de violência sexual, especialmente quando os agressores são figuras poderosas ou influentes, frequentemente enfrentam obstáculos para obter apoio e ter suas vozes ouvidas. Devido a isso, o Me Too Brasil desempenha um papel crucial ao oferecer suporte incondicional às vítimas, mesmo que isso envolva enfrentar grandes forças e influências associadas ao poder do acusado.
A denúncia é o primeiro passo para responsabilizar judicialmente um agressor, demonstrando que ninguém está acima da lei, independentemente de sua posição social, econômica ou política. Denunciar um agressor em posição de poder ajuda a quebrar o ciclo de impunidade que muitas vezes os protege. A denúncia pública expõe comportamentos abusivos que, por vezes, são acobertados por instituições ou redes de influência.
Além disso, a exposição de um suposto agressor poderoso pode encorajar outras vítimas a romperem o silêncio. Em muitos casos, o abuso não ocorre isoladamente, e a denúncia pode abrir caminho para que outras pessoas também busquem justiça.
Para o Me Too Brasil, todas as vítimas são tratadas com o mesmo respeito, neutralidade e imparcialidade, com uma abordagem baseada nos traumas das vítimas. Da mesma forma, tratamos os agressores, independentemente de sua posição, seja um trabalhador ou um ministro.
INFORMAÇÕES DOS SITES METRÓPOLES E BAND NEWS